A CRISE DO SISTEMA EDUCACIONAL




A CRISE DO SISTEMA EDUCACIONAL

Embora proficiência em inglês seja hoje uma necessidade básica na formação do indivíduo, nosso sistema de ensino fundamental e médio, tanto público quanto particular, mostra uma flagrante incapacidade de proporcioná-la.

Esta deficiência está claramente demonstrada na avalanche de cursos existentes. Aprendemos Português, Matemática, História e Geografia na escola e raramente precisamos freqüentar cursos posteriormente para suprir deficiências nessas áreas. Entretanto, para suprirmos a necessidade de proficiência em inglês, temos que investir milhares de reais e anos de tempo sem a garantia de realmente alcançarmos o resultado desejado.

Como você observou - e todos sabemos, - a maioria dos professores não têm a necessária habilidade com a língua que devem ensinar. Isto entretanto não é a causa, mas apenas um sintoma do problema. Perguntar a um professor como é que ele, tendo feito tudo que lhe prescreveram, não alcançou fluência, seria como perguntar para o paciente porque o tratamento contra sua doença não deu certo.

Minha sugestão, portanto, é que você vá mais fundo em sua pesquisa. Deverá questionar o médico ou descobrir você MESMO o porque de a receita não ter dado certo.

Você pode começar entrevistando os chefes dos departamentos de letras de universidades. Questione o porque de muitos desses cursos não exigirem, nem na entrada nem na saída, o pré-requisito fundamental - a fluência na língua. Pergunte-lhes se não seria o mesmo que oferecer curso profissionalizante para instrutores de auto-escolas que não sabem dirigir ao ingressarem no curso, nem ao se formarem. Pergunte-lhes se um professor de língua estrangeira que a fala com desvios e limitações não seria equivalente a um professor de música que canta e toca desafinado.

Questione as grades curriculares desses cursos que priorizam o estudo formal do idioma, que utilizam apenas sua forma escrita como matéria de análise, que insistem nas sutilezas gramaticais, tudo minuciosamente discutido em português bem claro, programas que muitas vezes negligenciam a língua na sua forma oral e no seu aspecto criativo e funcional, omitindo estudos nas áreas de fonologia e psicologia cognitiva.
Finalmente, questione a autoridade maior, a Comissão de Especialistas em Ensino de Letras do Ministério da Educação, cuja tarefa é autorizar o funcionamento dos cursos de letras que estarão credenciados a conferir títulos de professores de língua estrangeira. Pergunte-lhes se, antes de catalogarem o número de especialistas e mestres que o curso tem, não deveriam se certificar de que os mesmos realmente falam a língua estrangeira sem desvios e de que o projeto pedagógico do curso garante que seus egressos também alcancem fluência e acuidade condizentes com a função que irão exercer. Pergunte-lhes, por exemplo, se antes de avaliarem laboratórios e recursos audiovisuais, não deveriam avaliar a existência de programas de intercâmbio que facilitem aos alunos irem ao exterior ou terem contato com falantes nativos em ambientes multiculturais por aqui mesmo.

Não deixe de procurar também cursos superiores bem estruturados, em que a maioria dos egressos possui a necessária proficiência. Se encontrar um, identifique as diferenças e o porquê do êxito.
Se você expandir sua pesquisa a outros países, verá que não é só o Brasil que enfrenta esta dificuldade e provavelmente você chegará à conclusão de que a raiz do problema está na falsa e generalizada idéia de que podemos desenvolver proficiência, ou seja, habilidade prática e funcional, através do estudo formal, o que seria como aprendermos a dirigir pelo manual, tendo raramente nos sentado à direção de um carro. Esta idéia está profundamente enraizada e é plantada em nossas mentes já na escola secundária ("quem não estuda não aprende"), cuja orientação sempre foi e continua sendo predominantemente direcionada ao estudo formal, à análise do texto escrito, que prescreve esforço intelectual para acumular informação, cumprir um currículo, injetar o conteúdo e chamar isso de aprender inglês.

Para finalizar, permita-me aqui citar Carlos Alberto Faraco:
Em termos de língua, ainda vivemos culturalmente numa fase pré-científica e, portanto, dogmática e obscurantista.

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